Vinho de corte, blend ou assemblage. O que muda no seu vinho?

Quando você vai escolher um vinho pode se deparar com essas expressões no rótulo e aí a dúvida vem: “O que isso quer dizer e como vai influenciar no vinho que quero consumir?”

Bom, resumidamente, apesar de serem três nomes distintos (estão apenas em línguas diferentes: corte em português, blend em inglês, e assemblage em francês), trata-se do mesmo processo, geralmente realizado na etapa final da elaboração dos vinhos, antes de seguirem para o engarrafamento.

Em síntese, é a união de duas ou mais variedades de uvas, realizada para agregar diferentes características a um único rótulo. Entenda melhor:

A arte do corte

Depois que o envelhecimento do vinho estiver completo, ele é bombeado para fora do barril e preparado para o engarrafamento. É nesta etapa que diferentes lotes podem ser combinados, seja de vinhedos diferentes, regiões ou variedades, unindo os atributos de cada um. Isso porque o enólogo vai trabalhando para chegar ao produto que deseja.

Por exemplo, um vinho mais velho pode ganhar uma qualidade mais jovem, frutada, pela adição de uma pequena quantidade de um vinho vintage mais jovem. Ou então, adicionando uma pequena quantidade de Chardonnay fermentada em tanque de aço inoxidável a um lote de Chardonnay fermentado em barril, procurando reduzir o perfil de carvalho do vinho, dando a ele um caráter mais varietal.

Essa arte do corte, assemblage ou blend se resume em testar diferentes combinações destes lotes para encontrar a mistura teste que tem maior equilíbrio e complexidade. Após a mistura teste favorita ser selecionada pelo enólogo e vinícola, uma proporção é usada para elaborar um engarrafamento misto na adega.

Vinhos mais complexos

Uma das principais características desses vinhos de corte é que a mistura de variedades os torna rótulos mais complexos. Isso porque são características de diferentes variedades que se unem para maximizar a força de um rótulo. Ou seja, buscar aromas mais expressivos, cor e texturas de destaque, corpo e acabamento, tornando aquela bebida mais equilibrada como um todo. Toda essa receita resulta em um rótulo mais complexo.

Outra característica é que os cortes e a mistura perfeita dependem, ainda, das características de cada safra. Ou seja, o mesmo corte pode apresentar diferentes características dependendo do ano.

Portanto, as possibilidades de combinações que resultam em uma mistura de qualidade são infinitas e cabe ao enólogo avaliar qual será seu produto final – claro que sempre primando pela boa matéria-prima, afinal, não tem corte milagroso que salve um vinho anteriormente elaborado de forma errônea.

Escrito por Camila Baggio